sexta-feira, 11 de março de 2011

Alternativa à pirataria, sites que vendem filmes chegam ao Brasil

Foi preciso que a internet atingisse a maioridade para que o Brasil começasse a ser levado a sério. Nesses 18 anos, a indústria fonográfica perdeu toda uma geração para o download ilegal e a pirataria espraiou-se. Mas a indústria cinematográfica começa, enfim, a mover-se.
A pergunta que resta é: encontrará um público disposto a pagar para baixar filmes?
"O Brasil está pronto para pagar pelo serviço de video-on-demand", aposta o argentino Eduardo Costantini, um dos fundadores do site de filmes Mubi, que acaba de fechar nova rodada de negócios, no valor de U$S 2,4 milhões (R$ 3,9 milhões).
Parte desses recursos terá o Brasil como destino. O Mubi, que possui 1.500 títulos negociados com produtores e distribuidores, está criando uma nova plataforma, no Vale do Silício (EUA), e pretende oferecer download de filmes por, no máximo, R$ 5.
"Dizer que 2011 será o ano da virada é exagero. Mas será o ano da entrada do Brasil no negócio dos filmes on-line", diz Fábio Lima, criador do site MovieMobz, que usa a internet para "mobilizar" sessões reais de cinema.
Conforme a Folha adiantou, a americana Netflix também planeja aterrissar no Brasil com serviços de assinatura para filmes e séries.
Nos EUA, a Netflix é apontada como causa da falência da Blockbuster e é vista como ameaça à rede HBO.
Questionado pelo "New York Times" se a Netflix atrapalhava os negócios da Time Warner, Jeff Bewkes, presidente do grupo -ao qual a HBO pertence-, recorreu à ironia. "Você imagina o exército da Albânia assumindo o controle do mundo?"
De acordo com a revista especializada "Screen", porém, a empresa de serviços digitais teve, em 2010, um crescimento maior em Wall Street que a Time Warner.
Uma pesquisa feita pelo JP Morgan diagnosticou, ainda, que 47% dos usuários ativos do Netflix consideram a possibilidade de cancelar seu serviço de TV por assinatura.
Em janeiro, o similar europeu da Netflix, a LoveFilme, foi comprada pela Amazon.

PRATICIDADE
 
"Está provado que as pessoas não pagam pelo que baixam na web [www], mas que podem pagar por serviços e conveniência", diz Lima.
É esse o eixo de um longo artigo escrito por Chris Anderson, editor-chefe da revista "Wired", que declara a morte da web como negócio.
O futuro, de acordo com ele, está na internet. Traduzindo: perdem força as páginas www e ganham força as plataformas fechadas e os "dispositivos", como os iPads. "Por mais que admiremos os serviços abertos, no fim do dia buscamos é praticidade", analisa Anderson.
Se for preciso pagar pelo conforto de ter um filme à mão com um simples clique, diante de um cardápio vasto e bem organizado, muitos pagarão, defende Anderson.
A aposta dos investidores que colocam o Brasil no radar é que, conforme as conexões em altíssima velocidade, as TVs com internet e os smartphones forem se espalhando pelo mundo, se espalhem também esse serviços.

Internet passa a ser fonte para produtores

Além de distribuir filmes, mundo digital angaria recursos junto a fãs

Kevin Smith pede dinheiro a seguidores no Twitter; Luc Besson deixa internautas escolherem seu elenco

Além de ter se tornado uma plataforma imprescindível para a distribuição de filmes, a internet começa a virar, também, uma fonte importante para a captação de recursos de produção.
Com os velhos modelos de financiamento em crise, uma nova geração de cineastas tem recorrido à internet para dar a largada a seus projetos.
Kevin Smith, de "O Balconista 2" (2006), está pedindo que seus 1,7 milhão de seguidores do Twitter ajudem-no a conseguir dinheiro para o terror "Red State".
De acordo com a revista "Variety", Smith já conseguiu meio milhão de dólares.
"Iron Sky", sobre uma base secreta nazista na Lua, levantou U$ 1,2 milhão (R$ 1,99 milhão), um décimo de seu orçamento, com fãs internautas. Os produtores do filme descobriram esse exército virtual ao lançar, só na internet, a ficção científica "Star Wreck", visto por 8 milhões de espectadores.
A base de fãs, além de contribuir com dinheiro, serve de barganha na negociação com investidores tradicionais do cinema.
Atrás desse "atestado de interesse", a EuropeCorp pediu para que os internautas votem no roteiro e no elenco do próximo projeto de Luc Besson, diretor de "O Quinto Elemento" (1997).

TÁBUA DE SALVAÇÃO
"Em 2007, quando criamos o [site] Mubi, os produtores resistiam em negociar os direitos dos filmes para a internet", diz o empresário argentino Eduardo Costantini.
"Hoje, todos estão abertos, inclusive os grandes estúdios", afirma Costantini.
Aos poucos, as empresas de tecnologia começam a desempenhar o papel que, antes, cabia às TVs e aos serviços de pay-per-view.

GLOSSÁRIO TÉCNICO DA WEB 

VIDEO-ON-DEMAND 

Aluguel de filmes escolhidos à la carte (segue a lógica do "pay-per-view")

ELETRONIC SELL-THROUGH 

O usuário paga pelo conteúdo digital, baixa o filme e pode arquivá-lo na mídia de sua preferência

SVoD 

Assinatura mensal que dá direito a um pacote de serviços

AVoD 

O usuário pode baixar os filmes de graça, mas, antes ou durante o download, é submetido a uma série de anúncios
Fonte: Folha de S. Paulo - ANA PAULA SOUSA

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